Faltam médicos
Pesquisa revela falta de médicos nas regiões mais pobres do Brasil.

Uma pesquisa da Confederação Nacional de Municípios (CNM) revelou que um terço da população sofre com a ausência de médicos, principalmente nas regiões Norte e Nordeste do país. O levantamento foi feito com 3.385 cidades brasileiras, ou seja, em 60,8% do total. Para o procurador de Justiça José Luiz Moraes, diretor da Associação dos Procuradores do Estado de São Paulo (a APESP), as causas e as possíveis soluções estão nas mãos do próprio governo. Os números da pesquisa da CNM foram divulgados na véspera do lançamento do novo "Mais Médicos", programa em que o governo promete resolver o problema.
O levantamento apontou que, dos 979 municípios identificados pela ausência de profissionais, 55% correm o risco de ter equipes de atenção primária desabilitadas, por causa da falta de médicos na equipe.
Falta de interesse
Conforme o procurador de Justiça José Luiz Moraes, uma das principais causas da falta de médicos no Norte e Nordeste brasileiro é o desinteresse dos profissionais de Saúde, de maneira geral, em trabalhar nos municípios mais distantes dos grandes centros urbanos.
Segundo ele, isso acontece por causa da falta de infraestrutura e também pela realidade econômica desses estados e municípios, que não apresentam um cenário vantajoso para os profissionais, ou seja, os médicos preferem ficar nos grandes centros urbanos por questões financeiras e profissionais, de continuidade de suas formações.
Isso, apesar das universidades colocarem mais profissionais no mercado, ano a ano.
E para colocar médicos nas regiões mais pobres, segundo José Luiz Moraes, o governo precisa melhor as vantagens, principalmente financeiras, desde o período de graduação.
Os benefícios
O governo anunciou agora a criação de 15 mil novas vagas no programa “Mais Médicos”. E de imediato cerca de 3.600 profissionais já começaram a atuar em 2 mil municípios. E de acordo com a nova lei sancionada pelo presidente Lula, foi instituída a Estratégia Nacional de Formação de Especialistas para a Saúde, com foco na atenção básica do SUS, principalmente em regiões de maior vulnerabilidade.
O médico participante poderá fazer especialização e mestrado em até quatro anos, e vão receber benefícios proporcionais ao valor mensal da bolsa, ou seja, valores que vão variar de R$ 238 mil a R 475 mil para quitar até 80% do Financiamento Estudantil (FIES), além de um incentivo extra da ordem de até R$ 120 mil.